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1. |
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2. |
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Vejo o meu reflexo,
e ele está envolto numa aura vibrante.
O olhar desesperado,
branco e fatal é esboçado na água.
Cabelos entrançados,
e uma árvore penetrada no crânio.
Boca inundada pela escuridão,
privada de palavras.
A água vibra com os cânticos aguçados dos pássaros.
Parece que um ninho se forma em volta
de uma poça, onde surge o reflexo vibrante,
qual sonho embriagado
qual metamorfose do sólido para o líquido,
qual estrela que sai do corpo e percorre o céu em euforia.
Entre enamorado e amedrontado afasto a imagem
distorcendo-a e, em passadas vigorosas
subo o monte até avistar uma clareira
onde encontro a fronteira ténue entre o real e o ficcional.
Aí absorvo a luz pálida e o céu pesado que
não me deixa respirar, depois do enorme esforço da subida.
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3. |
sonho-a desnuda
08:10
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Adormeci levemente
encostado a um carvalho grande e imponente
com braços de movimentos dinâmicos,
quais trovões ligados ao céu.
Estava num bosque imenso,
cheio de clareiras e gigantes trepadeiras
que lentamente desejavam a morte
das árvores mais jovens.
Avistavam-se alamedas quase sobrenaturais,
qual horizonte aquífero que se funde com o Sol.
Acordei estremunhado,
assaltado pela imagem de uma estranha mulher,
que parecia possuir um turbante
de folhas pontiagudas de limoeiro.
Os seus odores
eram como o cheiro a orvalho
que se entranha na casca dos diospireiros.
Ao olhar com atenção,
vi que havia raízes em seus pés
e asas que libertavam vapor.
Os seus olhos fulgurantes
cintilavam com a oscilação da luz,
fruto do movimento das nuvens durante a aurora.
Os seus seios eram fartos,
volumosos cogumelos
e o seu ventre era como o interior de uma abóbada
coberta de arabescos rubros,
que palpitavam sem cessar.
De súbito o seu corpo
começou a libertar raízes
que me entrelaçaram.
Passei a estar realmente integrado naquela paisagem.
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4. |
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Estou no coração da floresta,
onde as raízes das árvores entrelaçadas
crescem em abundância,
e formam abrigos
grandes e antigas cúpulas,
e onde as lianas cobrem o céu
em tons verdes fosforescentes.
Gotas de água cristalinas e esparsas,
penetrando a camada espessa de vegetação,
caem como por magia
sobre o meu corpo diáfano,
causando a ilusão de uma súbita frescura
essencial naquele ambiente de ar denso
e humidade ardente, que provoca
febres avassaladoras.
Deambulo sem saber se é de dia ou de noite,
nesta masmorra coberta de seres fantasmagóricos
e criaturas monstruosas,
compostas por membros misturados
de animais selvagens e Homens.
Nesta desoladora treva,
que parece interminável,
pressinto uma presença luminosa
que flutua sobre os corpos das aberrações
e, quando esta me ousou tocar,
deu-se uma enorme explosão de luz,
como se tivesse engolido uma estrela cadente
e me tivesse transformado na luz de um farol
que alcançava universos longínquos.
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5. |
qual espectro
01:53
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6. |
da zona perdida no tempo
07:21
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Não me queria acreditar
que escondido entre a urze
poderia avistar uma presença tão lívida
que, penetrando a névoa infinita dos sonhos,
nos seus pequenos sapatos de carmesim,
esbelta e altiva
com os seus cabelos dourados e selvagens,
fosse mergulhar tão levemente,
abraçando o lago com uma inimaginável ternura.
Parecia feliz por voltar ao seu elemento natural
e, desnuda, movida por um feitiço incógnito,
chapinava na água como um ser mágico
em espasmos e gesticulações curiosas.
Uma revelação que rapidamente
esbocei com enorme desenvoltura,
num caderno de bolso,
que é costume acompanhar-me
nos passeios pelo bosque.
Qual o meu espanto quando ao retornar o meu olhar
ela se havia extinguido,
como se aquilo que antes vira
não tivesse passado de uma aparição.
Senti por detrás a sua presença furtiva,
mas não quis olhar por pudor.
Observei então as minhas mãos,
que possuíam garras longas e compridas
da cor do carvão.
Mais acima pelos cinzentos espessos
brotavam nos meus braços.
As minhas pernas de cabra disformes e macilentas
enterravam-se no musgo.
Enraivecido tentei gritar,
mas nada ouvia
e rapidamente perdi a visão.
Seria esse o meu fim?
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7. |
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Peixes de escama opalescente e azulada
que surgem à tona da água,
velados pelas espumas da cor do mercúrio.
Mulheres pisciformes que se banham ao sol
deitadas sobre os corais,
segurando castiçais
cuja chama irradia uma auréola verde.
Guerreiros de longas tranças e caras esquálidas
em uniformes escondidos na bruma
que se estende pela costa com vagar.
Rochas enrugadas, aduncas,
negras e afiadas na orla marítima.
Ondas do tamanho de colossos
que levam o sargaço até às grutas.
Orcas que nadam à velocidade da luz.
Tubarões de apenas um olho,
quais faróis que vigiam e patrulham
as águas sem descanso
e enviam para a lápide
aqueles que tentam alcançar
este lugar perdido no tempo.
Navios naufragados nas profundezas do abismo.
Cadáveres deitados que boiam
como silhuetas de uma antiga pintura.
No horizonte avistam-se castelos de gotas de água.
E ouvem-se vozes celestiais
vindas do interior dos búzios.
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